Avaliação da ingestão proteica em indivíduos frequentadores de academia
Resumo
Os achados na literatura sinalizam que praticantes de exercícios físicos tendem a auto prescreverem dietas, porém, quando não há o esclarecimento das informações nutricionais por um profissional habilitado, é comum que haja a difusão de teorias infundadas e equivocadas que podem levar a um consumo dietético inadequado na população que frequenta academias. A não procura por um profissional habilitado, associado a fatores como, falta de tempo para elaborar refeições com alimentos mais naturais e a impaciência para atingir os resultados podem ser justificativas para o uso de suplementos por essa população. O objetivo desse trabalho foi avaliar a adequação da ingestão proteica de indivíduos praticantes de exercício físico baseado em seus relatos de dieta e suplementação, considerando suas necessidades nutricionais e a indicação e prescrição das mesmas. A adequação da ingestão proteica, associada ao profissional que o prescreveu juntamente com a quantidade e origem das proteínas foram avaliados através de um questionário elaborado pela pesquisadora, o qual abordava informações sobre idade, sexo, massa corporal, estatura, frequência semanal do treinamento, indicação do suplemento, tipo de suplementação nutricional utilizado, qual o profissional que o prescreveu e recordatório alimentar. Participaram da pesquisa, 65 pessoas, sendo 51% sexo feminino e 49 % sexo masculino com idade de 28,29 e ± 5.87 anos e peso corporal de 71,7 ± 13.452 Kg. A frequência de treinamento semanal, demonstrou que 68% declararam frequentar a academia de 5 a 7 vezes durante a semana, relatando objetivar hipertrofia (54%) seguido por emagrecimento (17%). Em relação ao uso de suplementos, constatou-se a preferência pelo uso de whey protein (91%), BCAA (21%), Albumina (9%) e Creatina (9%). Dos pesquisados, 39% da amostra declararam associar dois ou mais tipos de suplementos. Quando perguntado sobre a indicação do suplemento, apenas 57% declararam receber indicação pelo nutricionista, 15% apontaram outros profissionais (14% educador físico e 1% médico), 3% amigos e 25% auto prescrevem. A avaliação do recordatório alimentar apresentou média de 2,4 g de proteína por kg/peso/dia e desvio padrão de ± 0,9. Esses resultados sugerem que a população que pratica exercícios físicos nas academias, tem utilizado suplementos na sua rotina de treinamento. Apesar da maioria dos pesquisados utilizar por indicação do nutricionista, fica evidente a orientação por outros profissionais que não estão habilitados a prescrição de suplementos para tal finalidade. A auto prescrição, segundo os resultados encontrados, parece ser ainda um problema a ser combatido, uma vez que muitos dos suplementos utilizados apresentam indicação específica para atletas, o que não justificaria a prescrição e/ou utilização para indivíduos fisicamente ativos, que poderiam suprir suas necessidades nutricionais através de uma dieta equilibrada.
Referências
-Adam, B. O.; Fanelli, C.; Souza, É. S.; Stulbach, T. E.; Monomi, P. Y. Conhecimento nutricional de praticantes de musculação de uma academia da cidade de São Paulo. Associação Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 2. Num. 2. 2013. p. 24-36.
-Adam, B. O.; Fanelli, C.; Souza, É. S.; Stulbach, T. E.; Monomi, P. Y. Conhecimento nutricional de praticantes de musculação de uma academia da cidade de São Paulo. Brazilian Journal of Sports Nutrition. Vol. 3. Num 15. 2009. p. 232-240.
-Bellotto, M. L.; Linares, I. P. Las competencias profesionales del nutricionista deportivo. Revista de Nutrição. Vol. 21. Num. 6. 2008. p. 633-646.
-Blanco, B.; Suarez, S. Gimnasios: um mundo de información para la confusión em nutrición. Annais Venezolanos de Nutrición. Vol. 11. p. 55-65. 1998.
-Chiaverini, L. C. T.; Oliveira, E. P. Avaliação do consumo de suplementos alimentares por praticantes de atividade física em academias de Botucatu/SP. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 7. Num. 38. 2013. p. 108-117. Disponível em: <http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/376/367>
-Cyrino, E. S.; Maesta, N.; Burini, R. C. Aumento de força e massa muscular em atletas de culturismo suplementados com proteína. Revista Treinamento Desportivo. Vol. 5. p. 9-18. 2000.
-Da Costa, W. S. A avaliação do estado nutricional e hábitos alimentares de alunos praticantes de atividade física de uma academia do município de São Bento do UNA-PE. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 6. Num. 36. 2012. p. 6. Disponível em: <http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/344/348>
-Dabaghi, P.; Ramos, M. B. T. C.; Bonde, T. Guia de Suplementos. Conselho Regional de Educação Física. Região 9. mar. 2014.
-Damasceno, V. O.; Lima, J. R. P.; Vianna, J. M.; Vianna, V. R. A.; Novaes, J. S. Tipo físico ideal e satisfação com a imagem corporal de praticantes de caminhada. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 11. Num. 3. 2005. p. 181-186.
-Dos Santos, E. A; Pereira, F. B. Conhecimento Sobre Suplementos Alimentares entre Praticantes de Exercício Físico. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 11. Num. 62. 2017. p. 134-140. Disponível em: <http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/743/615>
-Dos Reis, E. L.; Camargos, G. L.; Oliveira, R. A. R.; Domingues, S. F. Utilização de recursos ergogênicos e suplementos alimentares por praticantes de musculação em academias. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 11. Num. 62. p. 219-231. 2017. Disponível em: <http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/770/625>
-Fernandes, T.; Soci, U. P. R.; Alves, C. R.; Carmo, E. C.; Barros, J. G.; Oliveira, E. M. Determinantes moleculares da hipertrofia do músculo esquelético mediados pelo treinamento físico: estudo de vias de sinalização. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte. Vol. 7. Num. 1. 2008. p. 169-188.
-Hernandez, A. J.; Nahas, R. M. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Clínica Médica no Exercício e no Esporte. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 15. Num. 3. 2009. p. 3-11.
-Hirschbruch, M. D.; Fisberg, M.; Mochizuki, L. Consumo de suplementos por jovens frequentadores de academias de ginástica em São Paulo. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol.14. Num. 6. 2008. p. 539-543.
-Krause, M, V.; Mahan, L.K. Alimentos, Nutrição e Di Alimentos, Nutrição e Dietoterapia Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. Roca.7ªedição. São Paulo. 1991.
-Lopes, F. G.; Mendes, L. L.; Binoti, M. L.; De Oliveira, N.P.; Percegoni, N. Conhecimento sobre Nutrição e Consumo de Suplementos em Academias de Ginástica de Juiz de Fora, Brasil. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 21. Num. 6. 2015. p. 451-456.
-Mahan, L. K.; Escott-Stump, S. Alimentos, Nutrição & Dietoterapia. São Paulo. Roca. 2005. p. 496.
-Menon, D.; Santos, J. S. Consumo de Proteína por Praticantes de Musculação que Objetivam Hipertrofia Muscular. Revista Brasileira Medicina Esporte. Vol. 18. Num. 1. 2012. p. 8-12.
-Oliveira, A.F.; Fatel, E.C.; Soares, B.M.; Círico, D. Avaliação nutricional de praticantes de musculação com objetivo de hipertrofia muscular do município de Cascavel, PR. Colloquium Vitae. Vol.1. Num. 1. p. 44-52. 2009.
-Panza, V. P.; Coelho, M. S. P. H.; Pietro, P. F. D.; Assis, M. A. A. De; Vasconcelos, F. de A. 52 Guedes de. Consumo alimentar de atletas: reflexões sobre recomendações nutricionais, hábitos alimentares e métodos para avaliação do gasto e consumo energéticos. Associação Brasileira de Nutrição Esportiva. Num. 62. 2017. p. 134-140.
-Pedrosa, O. P.; Qasen, F. B.; Silva, A. C.; Pinho, S. T. Utilização de suplementos nutricionais por praticantes de musculação em academias da cidade de Porto Velho Rondônia. Semana Educa. Vol. 1. Num. 1. 2010.
-Pereira, R.F.; Lajolo, F. M.; Hirschbruch, M.D. Consumo de suplementos por alunos de academias de ginástica em São Paulo. Revista de Nutrição. 2003.
-Perry, P. J.; Lund, B. C.; Deninger, M. J.; Kutscher, E. C.; Schneider, J. Anabolic steroid use in weightlifters and bodybuilders: an internet survey of drug utilization. Clinical Journal of Sport Medicine. Vol. 15. Num. 5. 2005. p. 326-330.
-Rodrigues, T.; Muyer, F.; Lancha Jr, A. H.; Rose, E. H.; Nóbrega, A. C. L.; Herdy, A. H.; Werutski, C. A.; Fernandes, E. O.; Drummond, A. F.; Michels, G.; Kazapi, I.; Medeiros, K.; Lazzolli, J. K.; Funchal, L. F.; Aragon, L.; Benetti, M.; Leitão, M.B.; Salazar, M.; Brazão, M.A. O.; Dacar, M.; Trindade, R. S.; Nahas, R.; Neto, T. L. B. Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do esporte. Modificações dietéticas, reposição hídrica, suplementos alimentares e drogas: comprovação de ação ergogênica e potenciais riscos para a saúde. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. Vol. 9. Num 4. 2003. p. 238-242.
-Sá, P.H.V. O.; Cury, G.C.; Ribeiro, L. C.C. Atividade física de idosos e a promoção da saúde nas unidades básicas. Trab. educ. saúde. Vol. 14. Num. 2. p. 545-558. 2016.
-Silva, A. A.; Fonseca, N. S. L. N.; Gagliardo, L. C. A Associação da Orientação Nutricional ao Exercício de Força na Hipertrofia Muscular. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva. Vol. 6. Num. 35. 2012. p. 389-397. Disponível em: <http://www.rbne.com.br/index.php/rbne/article/view/340/328>
-Silva, L. M.; Moreau, R. L. Uso de esteróides anabólicos de grandes academias de São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. Vol. 39. Num. 3. 2003. p. 328-33.
-Sobal, J.; Marquart, L. F. Vitamin/mineral supplement use among athletes: a review of the literature. International journal of sport nutrition. Vol. 4. Num. 4. p. 320-334. 1994.
-Tirapegui, J. Nutrição, Metabolismo e Suplementação na atividade física. São Paulo. Atheneu. 2005. p. 350.
-U.S. Department of Health and Human Services. (USDHHS). Physical Activity and Health: A Report of the Surgeon General. Atlanta. GA. U.S. Department of Health and Human Services.Centers for Disease Control and Prevention. National Center for Chronic Disease Prevention and Health Promotion. 1996. p. 278.
-Vieira, P. A. Uso de Suplemento Alimentar por Praticantes de Diferentes Atividades nas Academias de Ginástica e Musculação da Zona Central da Cidade de Criciúma-SC. Universidade do extremo sul catarinense –UNESC. Criciúma. 2011.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).