Atualidades sobre a suplementação nutricional com beta-alanina no esporte
Resumo
O objetivo deste artigo foi discutir possíveis benefícios, formas de suplementação, riscos e prejuízos da utilização da β-alanina, com base nos dados disponíveis na literatura científica atual. Realizou-se revisão da literatura baseada em publicações nacionais e internacionais (2002-2014), com busca em bases dedados eletrônicas: Lilacs, Pubmed, Scielo, Bireme e Quiron. A β-alanina é obtida pela dieta e é precursora da carnosina, que está fibras musculares e funciona como tampão, agindo contra a fadiga muscular induzida por acidose. Em estudo com universitários norte-americanos, praticantes de wrestling (n=22) e jogadores de futebol (n=15), que consumiram 4g/dia/β-alanina ou placebo durante 8 semanas, o grupo suplementado apresentou aumento de desempenho e maior síntese de massa magra em relação ao placebo (p>0,05). Outro estudo, com remadores belgas (2.000m), verificou aumento de performance após consumo de 5g/dia/β-alanina (sete semanas) (p>0,05). Um estudo realizado em 2014, com 9 esquiadores de elite da Suíça, suplementados com 4,8g/dia/β-alanina durante 5 semanas, mostrou que o suplemento melhorou o desempenho máximo (p=0,02), reduziu o déficit de oxigênio (p=0,06), o acúmulo de lactato (31%) e reforçou a energia aeróbia (p=0,07) desses atletas. Estudo recente com 40 homens, ciclistas treinados e indivíduos não treinados de São Paulo, suplementados com 6,4g/dia/β-alanina (4 semanas), apontou melhora de desempenho físico em treinados (p=0,002) e não treinados (p=0,03). A maioria dos estudos sobre suplementação de β-alanina mostraram aumento de carnosina musculare melhor desempenho esportivo, tanto em participantes treinados quanto não treinados, supondo que o nível de treinamento não altera a eficácia da suplementação.
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